25 dezembro 2004

Mensagem 020 - Na Lapa I

Na Lapa I

Luciano Menezes

Andando na rua cercado me vi
Geraldo, Noel, Satã, Aracy.
Nos arcos, não passava o bonde,
não era sonho, foi um deja vu.
A água abastecia a cidade
e também se fazia ali.
A polícia nem via o cheiro,
o fumo, o álcool, a dança, o mel,
só fazia maldade que gosto de fel.
A turba não se separava,
preto, branco, gays, prostitutas,
meninos, meninas vadias ou não
brincando, cantando ou indo à luta.
Afoxé, reggae, um samba original,
um rock'n roll, um samba de breque,
um partido alto, um samba de raiz
fazendo a moçada dançar tão feliz.
Ah! e ainda tem também o Circo que voa,
A Fundição que apregoa: sou a dona da festa
Tem forró com Asa Branca, tem até japonês,
tem Semente que morre e renasce outra vez,
tem rua calçada, cadeira, tem cama e rua da lama,
tem escada pintada toda azulejada
tem gente sentada e bebendo pra ver
e vibrar com a noite ou pra saudar o dia
que quando se chega ou se anuncia
se prepara bem cedo ou se alumia
pra voltar outra vez e ter tudo de novo
pois a Lapa não pára e encara outro dia.

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